AGRADECIMENTOS

À minha esposa Vera e aos meus filhos, que formam a minha retaguarda sólida e encorajadora.

Ao pessoal do Museu, que nas minhas inúmeras visitas, para a coleta de informações, mostraram-se, sempre extremamente, cordiais.

Um profundo agradecimento à emérita mestra Maura Lopes Gomes Consimo que foi a revisora deste despretensioso trabalho.

Agradecimento muito especial à Odila que, certamente, num plano superior, tem me ajudado em todos os momentos.

Finalmente a toda pessoa que contribuiu de alguma forma para a concretização desta obra.

MINHA PROPOSTA

Levar ao leitor informações sobre o passado vitorioso de Amparo.

Informações sobre uma sociedade que conviveu com uma realidade inteiramente diversa da atual.

Que os relatos que se seguem não refletem opinião ou pensamento atual, mas sim, o que a sociedade que conviveu com o fato expressou. Não há preocupação com a seqüência dos fatos.

Os assuntos são os mais variados: Educação, indústria, violência, política, intrigas, esportes, discriminações, benemerência sempre analisados por aqueles que fora contemporâneos dos fatos.

Muito interessante será fazermos nossas avaliações mais de um século depois.

Desejo-lhe uma boa viagem ao passado.

(Século XIX)





Uma breve biografia e realizações do Prof. Luiz Pereira de Oliveira

Esse é um resumo da sua preocupação com a população de Amparo, cidade pela qual tem um profundo amor.

Luiz Pereira de Oliveira

BIOGRAFIA

Nasceu em Amparo, no dia 17 de abril de 1935. Filho de Joaquim Pereira de Oliveira e Da. Beatriz Corrêa de Oliveira. Viúvo da Professora Odila Morandi com quem teve dois filhos: Cibele Pereira de Oliveira e Luis André Pereira de Oliveira. Casado, em segunda núpcias com a, também professora, Vera Lúcia Martins com a qual teve outros dois filhos: Juliana Pereira de Oliveira e Luis Gustavo P. de Oliveira.

Formação
Estudou no externato São Benedito, nos quatro primeiros anos;

No Colégio Estadual, hoje, Coriolano Burgos, até a oitava série e Científico (Ensino Médio);

Licenciou-se em Matemática, Física e Desenho pela PUC—Campinas;

Pós graduado em Álgebra Linear e Análise Matemática pela UNICAMP.

Profissão
Aprovado em quatro concursos de Ingresso ao Magistério. Lecionou durante 45 anos, passando por Santa Bárbara d’Oeste, Piracicaba, São Roque, Serra Negra e Amparo em escolas estaduais. Lecionou, ainda, no ensino privado no Colégio Integrado, Objetivo, Mac-Poli, Anglo e Faculdades Integradas de Amparo.

Neste período foi escolhido como paraninfo por trinta vezes, incluindo a primeira turma de matemática da Faculdade.

Professor símbolo
Em plebiscito organizado pela Faculdade Integrada de Amparo, que espalhou urnas em pontos estratégicos da cidade, foi escolhido pela população como o: Professor Símbolo de Amparo.

Esporte
Na juventude participou ativamente do futebol amador. Defendeu o Amparo A. C., Floresta A. C., Rio Branco E. C., União Agrícola Barbarense, Portuguesa de Serra Negra, XV de Novembro, Canto do Rio, Amparense, Largo da Cadeia, entre outros. Foi diretor de esportes do Amparo A. C., quando em 1976, o clube ingressou no campeonato profissional de acesso da Federação Paulista de Futebol.

Loteamento Velhobol e Parque Esportivo do Jardim Brasil
Idealizador do loteamento “Velhobol”., no início da década de 70. Foi o intermediário na venda das 40 chácaras. Foi uma verdadeira proeza realizada em apenas 20 (vinte) dias.

Como conseqüência o Jardim Brasil ganhou um parque esportivo, construído na área institucional do loteamento.

Ressalte-se que Luiz Pereira nada recebeu pelas vendas efetuadas a não ser a satisfação pessoal por beneficiar centenas de pessoas.

Política
Foi eleito vereador, pela Câmara Municipal de Amparo, em quatro mandatos, tendo sido seu presidente no biênio 1989-1990. Como vereador destacou-se como aquele que mais apresentou proposituras na história da Câmara de Amparo.

Autor de Projetos da Lei Orgânica e do Regimento Interno da Câmara. Ainda como vereador liderou a construção de seis salas de aulas, sem qualquer despesa para o Estado, três quadras cobertas e um micro-ônibus escolar. Intermediou, também, a construção de cinco pontes metálicas para a Zona Rural, com a ajuda da Prefeitura e da Secretaria de Estado da Agricultura que firmaram convênio para esse fim.

Junto ao Ministério Público, conseguiu a liberação das chaves de oitenta casas populares do Distrito de Arcadas que estavam abandonadas e, em perigo de deteriorização.

Para representar com segurança na Câmara, os seus eleitores, participou dos seguintes cursos:

· Direito Administrativo

· Direito Tributário

· Direito Urbanístico

· Direito Constitucional

· Lei de Responsabilidade fiscal

· Lei 4.320 e 8.666

Literatura
Autor de três livros:

1– Túnel do Tempo I ;

2– Túnel do Tempo II;

3– Recordando.

Escreve a coluna "Recordando" no Jornal "A Tribuna" e "Túnel do Tempo" no Jornal "A Notícia".

Funeral gratuito
Foi autor da emenda que criou o Funeral Gratuito, no dia 30 de dezembro de 1993. No primeiro dia de 1994, a emenda passou a vigorar. Já são 14 anos que a população amparense goza desse privilégio. Graças a essa iniciativa Amparo é o único município do país que oferece urnas, serviços e adereços gratuitos. Já são mais de 4.000 famílias beneficiadas por essa emenda. Difícil encontrar uma pessoa que não tenha a família beneficiada. Enquanto vereador foi um fiscalizador implacável da qualidade do atendimento. Por várias vezes fez protestos veementes quando houve queda de sua eficiência.

Centro do Professorado Paulista — CPP
Há trinta anos é conselheiro do CPP. Nesse período foi Presidente da Sede Regional, que envolve as seguintes cidades: Águas de Lindóia, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Serra Negra, Amparo, Pedreira e por um bom período de tempo Jaguariúna. Nesse tempo todo lutou muito na defesa do Magistério. Transformou sua residência numa sede regional, sem nada receber da entidade, nem mesmo os gastos telefônicos.Em 1993, operado do coração, foi obrigado a alugar uma pequena sede e colocar uma secretária para poder cumprir, com mais eficiência, a sua missão.

Ao assumir a Presidência Regional, em 1981, a região tinha menos de 200 sócios, hoje, temos aproximadamente 800.

Em toda sua vida política jamais apoiou um candidato a deputado que não fosse do CPP. Primeiramente, o professor Sólon Borges dos Reis e nas últimas eleições o grande amigo Presidente Palmiro Mennucci.

Magistério Municipal
Como vereador constatou que o Magistério Municipal não gozava de algumas vantagens que constavam no Estatuto do Magistério Estadual e de outros municípios. Iniciou uma luta muito grande em defesa do professorado, tendo conseguido:

- A Licença Prêmio;

- A Sexta Parte;

- A Hora Atividade.

Só esta última representou 25% nos salários. Hoje, essa vantagem foi incorporada ao vencimento, mas, de qualquer forma não perdeu seu valor.

Luiz Pereira de Oliveira
Esse é um resumo da sua preocupação com a população de Amparo, cidade pela qual tem profundo amor.

PREFÁCIO


Luiz Pereira de Oliveira, amigo, companheiro, camarada, daqueles que amam a nossa terra, nossa gente, nossos costumes.

Se Luiz Pereira nasceu paulista, eu diria, nasceu amparense, porque fez de sua cidade, sua arte de viver. Viajando perigosamente no passado glorioso de nossa gente, conserva os fatos históricos em uma perspectiva visual e condensada, tornando possível o acesso à vida e ao pensamento de homens que construíram nossa memória.

Continuando a trajetória do TÚNEL DO TEMPO I, em que a forma e o conteúdo se completam harmoniosamente, o Túnel do Tempo II descortina um Amparo envolto em fatos, notícias, reminiscências. Um livro que começa onde o leitor abrir, não tem início nem fim.

Parabéns, Luiz Pereira, e que o Túnel do Tempo II, precedido do Túnel I, lhe proporcione novas conquistas no mundo das letras.

Minha gratidão por ter a oportunidade de trabalhar com você.

Abraços!

Maura Gomes Lopes Consimo

FUNDAÇÃO DE AMPARO 08/04/1829


Com transformação da Capela de N. S. do Amparo em Capela Curada, na data acima, Amparo marcou a data de sua fundação, tornando-se “Freguesia”.

Houve o requerimento do povo dirigido ao Bispo e de S. Paulo, Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, que despachou favoravelmente.

Os termos desse requerimento vão abaixo descrito:

1829 - Ereção da Capela de Nossa Senhora do Amparo em Capela Curada, por provisão de D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, Bispo de São Paulo, tendo em vista o “Requerimento do povo”: “Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor. Dizem os vizinhos da Capela de N. S. do Amparo, termo da Vila de Bragança, que eles obtiveram da benignidade de V. Excia, o criar e erigir em Capela Curada a dita Capela para maior cômodo espiritual dos suplicantes, designando-lhes limites: portanto suplicam e pedem a V. Excia. Ver. Seja servido mandar-lhes passar Provisão na forma do estilo. E receberão mercê”. Nesse documento figura o despacho: “Passe Provisão. S. Paulo, 8/4/1829, Manuel, Bispo” “A Provisão da Capela Curada a Capela de N. Sra. Do Amparo do Termo de Vila Bragança D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade por mercê de Deus, e confirmação as Santa Fé Apostólica Bispo de S. Paulo do Cons. de sua Majestade Imperial etc. etc. etc.. Aos que N. Provisão VIREM, Saúde, e Benção em o Senhor. Fazemos saber que atendendo N. ao que pr. pamo, representarão os Vizinhos da Capela de Nossa Senhora do Amparo, Termo da Vila de Bragança deste N. Bispado. Haveremos por bem pela presente erigir a dita Capela em Curada, designando-lhe Limites, e mandamos que todos que forem Compreendidos nos Limites da dita Capela sem obediência ao Ver. Capelão delas, ficando desonerados de serem chamados para as Freguesias donde são desmembrados. E para constar será esta apresentada aos R. R. Párocos circunvizinhos, e publicada na mencionada Capela a Estação da Missa Conventual em três dias Festivos. Dada em S. Paulo sob N. Sinal, e Selo das Nossas Armas aos 8 de Abril de 1829. Eu, o Pe. Fernando Lopes de Camargo. Escrivão Ajudante de Comissão de S. Exma. Revma. Escrevi Manuel Bispo Barbosa Chan”.

Consta no livro “A Cidade Racional” (Liminha) que antes de 1829, quando se tornou CAPELA CURADA, já havia um núcleo de povoação e uma capela construída às margens do rio Camandocaia. Roberto Pastana Teixeira Lima, doutor em história, pela Unicamp, conhecido carinhosamente por “Liminha” salienta que é muito provável que no século XVIII tenha havido pessoas estabelecidas no local.

ESTATÍSTICA

A cidade de Amparo consta actualmente cerca de mil prédios, com uma população superior a cinco mil habitantes. Tem 7 largos, 12 ruas e 12 travessas.

O seu desenvolvimento commercial e industrial é espantoso.

Todos os dias estabelecem-se novas officinas, fundam-se fábricas, edificam-se casas em número extraordinário.

A população da cidade cresce continuadamente.

Calcula-se actualmente a do município em mais de 20 mil habitantes.

O Amparo dicta da capital, com a qual se acha ligado pelas vias férreas Paulista e Mogyana, 170 kilômetros e de Campinas 65 kilômetros.

O Município consta cerca de 350 lavradores que se exportam mais de um milhão de arrobas de café por anno, sendo que a produção augmenta consideravelmente todos os annos.

O número dos proprietários de prédios na cidade eleva-se a 500.

Inauguraram-se, no município, mais dois ramos de linha férrea, da cidade de Monte Alegre e ao bairro dos Silveiras, com destino a Serra Negra.

A capella de Monte Alegre foi elevada à cathegoria de freguezia, pelo revd. Bispo da diocese e tem-se desenvolvido notavelmente. Pereiras também está em vias de ser villa. Há outros bairros no município no mesmo grau de prosperidade, como Entre Montes, que já tem uma capella e cemitério, e Silveiras.

AMPARO

Fundada em 8 de abril de 1829 quando tornou-se Freguesia, cujo significado é povoação sob o aspecto eclesiástico;

Tornou-se Vila, por Lei Provincial de 28 de março de 1839;

A CIDADE através de outra Lei provincial de 28 de março de 1865;

A COMARCA em abril de 1873. A Comarca de Amparo compreendia os municípios de Amparo, Socorro e Serra Negra.

CALENDÁRIO

Também pode ser chamado de agenda, almanaque ou folhinha, contendo informações sobre datas prefixadas para a realização de eventos.

As escolas, as indústrias, as entidades de modo particular organizam seus calendários.

No decorrer da história da humanidade muitos calendários foram elaborados.

Tivemos:

· Calendário eclesiástico;

· Calendário egípcio - usado no antigo Egito, contando 12 meses de 30 dias mais 5 dias epagômenos (que não pertencem a nenhum mês) que o completavam;

· Calendário israelita entre outros.

· Os calendários que se sobressaem são o Calendário Juliano, elaborado pelo imperador Julio César. Consta 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 6 segundos. Nesse calendário, a cada 4 anos, temos 3 anos comuns de 365 dias e um de 366, que é chamado de bissexto devido aos dois 6. Os anos múltiplos de 4 são bissextos com exceção dos terminados em 2 zeros que não sejam múltiplos de 400. para exemplificar, o ano 1800 não foi, 1600 sim e 2000 também terá 366 dias.

No entanto, estamos vivendo o Calendário Gregoriano. Uma imprecisão nos cálculos levou, em 1582, o Papa Gregório XIII a suprimir 10 dias desse ano.

DISTÂNCIAS

1. Para Campinas 32 quilômetros
2. Para Bragança 46 quilômetros
3. Para Socorro 47 quilômetros
4. Para Itapira 30 quilômetros
5. Para Moji Mirim 36 quilômetros
6. Para Itatiba 30 quilômetros

Surpreende as distâncias para Campinas, Moji Mirim e Itatiba que eram sensivelmente menores que as atuais.

CÂMARA MUNICIPAL – I

Em 1857, a Freguesia do Amparo foi elevada à categoria de Vila com a mesma denominação e limites.

Conseqüentemente houve a necessidade da instalação da Câmara Municipal.

Com a presença do Tenente Coronel Jacinto Osório de Lócio e Silva, Presidente da Câmara Municipal de Bragança deu-se no mês de novembro de 1857 a instalação da 1a Câmara de Amparo.

Houve, então, a cerimônia de posse dos vereadores eleitos: Dr. Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda, Manuel Fernandes Palhares de Andrade, Antonio José Alves Cordeiro, Tenente Antonio de Godoy Moreira, Antonio Rodrigues da Silva e Capitão José Gomes Barbosa.

Deixou de comparecer o vereador Francisco Dias Aranha.

O teor do compromisso prestado foi o seguinte: “Juro aos Santos Evangelhos desempenhar as obrigações de vereador desta Vila do Amparo, de promover quanto em mim couber os meios de sustentar a felicidade pública.”

No mesmo mês realizou-se a 1a sessão ordinária sob a presidência do Dr. Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda.

CARNAVAL

Segundo a enciclopédia BARSA, a origem do vocábulo carnaval é duvidosa. Adeus carne, prazer da carne entre outros.

Com relação à origem também há controvérsias. Há quem atribua a origem do Carnaval ao culto de Isis, das bacanais, Iupercais e saturnais romanas, dos festejos gregos em louvor a Dionísio entre outras.

O Brasil inovou em termos de carnaval. A euforia coletiva, o humor ingênuo, o cidadão folclórico que se manifestou nas ruas.

No Brasil colonial, o carnaval era bastante diferente do atual. Caracteriza-se pelo entrudo, brincadeira muitas vezes de mau gosto, com uso de farinha, água, fuligem, cal, gema, alvaiade e vermelhão que empapavam os transeuntes.

Pois bem, há muito que escrever sobre o carnaval e suas alterações até atingir os dias de hoje quando predominam as escolas de samba.

Colhi, no jornal “Tribuna do Amparo” alguns anúncios sobre artigos de carnaval

Não esquecendo que esse foi o primeiro jornal editado em Amparo e a data é aproximadamente 1880.

CARNAVAL
A Loja Nova acaba de receber o mais pomposo sortimento de fazendas e objetos próprios para um retumbante carnaval, como o que se prepara nesta burlesca cidade de Amparo como seja:

Mascaras de massa, de seda, de arame, de cora, e um completo sortimen­to de apimentados e alucinantes narizes de massa, assim também rico sortimento no setios de cores, calções, flores finas, ramos ricos, camélias, rosas, lantejoulas douradas e prateadas, bisnagas perfumadas, luvas de pellica e de algodão, botas de setim de cores à phantasia, ditas de pellica.

CURTAS - I

1876
Segundo notícia da Tribuna Amparense, o Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra ofereceu à Câmara, sem juros, a quantia necessária para a abertura da rua que, a partir da Duque de Caxias, vai até a Estação.

1865
Entrudo
Noticiou-se que os festejos carnavalescos dos dias 26, 27 e 28 contou com mascarados pelas ruas e bailes.

Na época o Código de Posturas dispunha:

“Toda a pessoa que jogar entrudo com água, limões, pós e quaisquer substâncias, será multado em 20$000, sendo escravo, três dias de prisão, salvo se o senhor quiser pagar antes a multa”.

1874
Empréstimo – I
É aprovada na Câmara Resolução no sentido de solicitar da Assembléia Provincial autorização para contrair um empréstimo de 30 contos de réis (30:000$000) a juros de 10% a.a. pelo prazo de 5 anos.

A finalidade era atender serviços públicos.

1879
Empréstimo – II
Em Fevereiro desse ano a Câmara oficiou ao Vice-Presidente da Província autorização para contrair o empréstimo de 40:000$000, para ser usado no encanamento de água potável e construção de chafarizes.

1866
Guerra do Paraguai
Em Dezembro desse ano o Juiz Municipal promoveu, através de convite, reunião de fazendeiros na residência de Joaquim Pinto de Araújo Cintra (Futuro Barão de Campinas), objetivando o envio de voluntários e recrutas para o Paraguai.

Discursaram Bernardino de Campos e o Vigário.

A reunião foi abrilhantada pela presença da banda musical do Maestro Manuel Gomes de Campinas.

1884
Lixo
Na época a Câmara era executivo e legislativo a um tempo. Sendo assim, contratou com Joaquim Inácio de Camargo o serviço de remoção do lixo e das águas servidas da cidade.

O pequeno empresário realizava os serviços 2 vezes por semana utilizando carroças.

O contrato foi orçado em 3:000$000 (três contos) o trimestre. As águas eram despejadas no rio Camandocaia, na ponte denominada do Modesto e o lixo na chácara do contratante localizada no Ribeirão.

Foi o primeiro contrato com essa finalidade, outros se seguiram com o passar dos tempos.

1889
Acidente
O fogueteiro Daniel, vulgo Daniel de Taubaté, fora contratado para preparar os fogos dos festejos do Divino.

A festividade era realizada no Largo da Matriz. Um dos morteiros explodiu acidentalmente causando algumas mortes e numerosos feridos.

O jornal de Taubaté noticiou que, por duas vezes a oficina de fogos de artifícios do Daniel havia explodido.

1896
O Distrito de Paz de Pedreira emancipa-se de Amparo, passando política e administrativamente a Ter vida própria.

1982
Ordenados
É aprovada, em Outubro, a nova tabela de vencimentos para o município:

Intendente – 400$000 ou 4:800$000 anuais
Secretário – 2:400$000
Amanuense – 1:200$000
Porteiro – 800$000
Tesoureiro – 6% da arrecadação
Escriturário – 2,5% da arrecadação
Procurador – 1:800$000
Médico – 1:300$000

(todos os valores anuais)

Benemerência
1889
É anunciada a compra, por 30 contos de reis (30:000$000), da chácara de d. Gertrudes do Amaral com a finalidade de construir um asilo para enfermos carentes.

O autor da compra foi o Comendador Joaquim Pinto de Araújo Cintra (Barão de Campinas).

Esta foi mais uma iniciativa benemérita do Comendador Joaquim Cintra que nesse mesmo ano foi agraciado com o título de Barão de Campinas.

Companhia Folies Bergeres
Os espetáculos Qual havíamos annunciado para Quinta e Sexta feira não teem mais lugar, pois que a grande companhia franceza, não vem mais ao Amparo, porque o seu emprezario vindo ante-hontem aqui alem de não encontrar no Rink accomodações para poder trabalhar a sua grande companhia, não encontrou também pessoal que pudesse garantir-lhe ao menos as despesas que tinha a fazer.

Isto é contristador.

E Mogy-Mirim tem sustentado durante uns poucos de espectaculos a grande companhia!

Consolem se os poucos que tomaram os camarotes com a má estrela que nos persegue.

ESCOLAS - 1

Discorrer sobre todas as escolas de um século é extremamente difícil.

Ao realizar a minha pesquisa tive a preocupação de relatar uma seqüência de fatos sôbre escolas, educação, professores, sem a pretensão de esgotar o assunto.

As informações seguem dentro do possível uma ordem cronológica. Grande parte dos dados foram relacionados pelo historiador Aureo de Almeida Camargo em sua obra Efemérides.

Tive a preocupação de fazer um resumo dos fatos colocando-os em seqüência de datas.

Vejamos como ficou:

1844
Em 1844, uma Lei Provincial, que recebeu o número 25, criou em Amparo sua primeira cadeira de primeiras letras para o sexo masculino.

1844
Em 1844, foram nomeados Manoel Fernandes Guimarães e o Vigário José Gomes da Silva Pereira como inspetores das escolas públicas e particulares de Amparo.

1856
Em 1856 funciona a escola particular de primeiras letras para o sexo feminino de Escolástica Joaquina Olinta. Tinha a escola 19 alunos que pagavam 2$000 (dois mil réis) mensais.

1859
Em 1859, Lei Provincial nº 08 cria a primeira escola pública para o sexo feminino.

1865
Em 1865 não foram realizados os exames por não poderem os alunos se reunir em virtude da epidemia de bexigas.

1871
Em 1871 os republicanos Dr. Bernardino de Campos, Dr. João Henrique Amelung e Francisco d’Assis Santos Prado criam uma escola que foi severamente criticada pelo inspetor Francisco Antonio de Araújo afirmando que a intenção desses republicanos era disseminar doutrinas venenosas, pregando o desrespeito às nossas instituições.

Afirmava, ainda, que a escola procurava perverter os sentimentos do povo com sérios insultos ao Monarca.

Segundo o inspetor a escola preparava campo para divulgar idéias republicanas.

ESCOLAS - 2

Em 1876 dirigido por Ludovic Vivien cria-se o Colégio São Luiz (Franco-Brasileiro) somente permitido para meninos.

Algum tempo depois criar-se-ia uma seção feminina dirigida pela esposa de Ludovic Vivien. A escola possuía internato.

A separação por sexo nessa época era rigorosa. Os professores, inclusive, só lecionavam nas salas masculinas e as professoras nas femininas.

1881
Em 1881 anuncia-se a abertura de um novo colégio, o Colégio “Azevedo Soares”, com internato e externato. Seu diretor era Joaquim José de Azevedo Soares. O colégio transferiu-se para S.Paulo em 1886.

Vale ressaltar que o Colégio possuía prédio próprio construído especialmente para funcionar como escola.

1886
Em 1886 começa a funcionar o Instituto Amparense, colégio de instrução primária e secundária mas, apenas para o sexo masculino.

Angelo Araújo foi seu diretor.

1889
Em 1889, em virtude do surto de febre amarela que atingira Campinas, transfere-se para Amparo o Colégio “Inácio de Camargo” para meninas contendo internato e externato.

Inácio Augusto de Camargo nasceu em Monte Mór, tendo falecido em Amparo em 1925 aos 82 anos de idade.

1891
Em 1891 Miguel Franchini anuncia o Colégio “Italo-Brasileiro” com internato e externato.

1893
Em 1893 o Colégio “Benjamin Constant” inaugura suas novas instalações. Esse reputado estabelecimento de ensino contava com a direção de Fernando Mota tendo como colaboradores Cândido Mota e João Mota.

1893
Nesse mesmo ano Pedreira era, ainda, município de Amparo e o Jornal “Diário do Amparo” anunciava a abertura, naquele distrito, do Colégio Sant’Ana sob a direção de Carlos Ferreira, gaúcho, jornalista, que praticou o jornalismo em Amparo.

ESCOLAS - 3


Grupo Escolar “Luiz Leite”
Em 1894 instala-se solenemente o Grupo Escolar “Luiz Leite”, organizado pelo inspetor do 13o distrito Antonio Vilela Júnior que seria seu primeiro diretor.

Na ocasião de sua instalação não havia, ainda, o prédio que hoje conhecemos.

A Lei “Cesario Mota” estabelecia que o Conselho Superior poderia autorizar que as diferentes escolas passassem a funcionar num só prédio com a denominação de Grupo Escolar.

O professor Antonio Vilela reuniu então as diferentes escolas organizando o primeiro Grupo Escolar.

Consta que a Câmara, nesse ano, pagou a José Feliciano de Camargo o aluguel trimestral de 1:500$000 pelo prédio onde funcionava o Grupo Escolar.

Em 1895, a Câmara coloca à disposição do Governo um terreno para edificação do Grupo oferecendo também 10 contos de réis para as obras.

Nesse mesmo ano assume como diretor do Grupo “Luiz Leite” o Professor João Francisco Pinto e Silva que foi professor do Colégio Benjamin Constant, de Férnando Mota.

O prédio do Grupo “Luiz Leite” ficou pronto em 1898. Seu projeto, do arquiteto Vitor Dubugras, data de 1896.

Seu projeto separa o prédio em duas alas: a masculina e a feminina constando ainda de duas escadas de acesso ao pavimento superior.

Collégio Franco Brazileiro
Para meninas
A directora deste estabelecimento tem a honra de participar à população amparense e do interior que resolveu diminuir os preços annuaes do collégio que do dia 1o de Janeiro em diante as alumnas pagarão, adiantado, e por trimestre, segundo a tabella seguinte:

· Internas 90$000
· Meio Pensionistas 75$000
· Externas – 2o curso 24$000
· Externas – 1o curso 18$000

O trimestre principiado é pago integralmente ainda que a alumna se retire ante de findar.

Materiais de Ensino:
· Instrucção moral e religiosa
· Leitura e declamação
· Calligraphia: cursivo, letra redonda, bastardo e bastardinho
· Línguas: portugueza, franceza, hespanhola e italiana
· História e Geographia universaes
· Litteratura, estylo epistolar
· Sciencias physicas e naturaes com applicação aos princípios da vida
· Contabilidade
· Arithmética theórica e prática
· Geometria prática
· Desenho
· Música vocal e instrumental – curso de canto
· Trabalhos de agulha: crochet, filet, bordados, tapeçaria e relevo
· As lições de música e canto são pagas à parte.

O collégio estando estabelecido há pouco a directora resolveu a bem das alumnas não dar férias este anno.

As aulas continuarão pois, todos os dias, principiando às 9 horas da manha e terminarão às 3 horas da tarde.

Para informações e condições de admissão neste estabelecimento, podem dirigir-se à casa dos srs. Comendador Guimarães ou Dr. Bernardino de Campos.

ASSOCIAÇÕES

Foram muitas as associações e clubes criados nos últimos 20 anos do séc. XIX.

Com o auxilio dos almanaques do Jorge Pires de Godoi do livro “Efemérides Amparenses” e jornais da época citarei pequenos resumos da atividade dessas entidades.

Muitos desses clubes não tiveram vida longe. Provavelmente não adquiriam patrimônio finalizando suas atividades.

1. Club Ginástico - Citada uma de suas reuniões pelo jornal “Tribuna Amparense”. Ano de funcionamento 1875

2. Club de Lavradores - De 1881

3. Club Musical “2 de Agosto”. Criado em 1885 por iniciativa de Ângelo Araújo.

4. Em 1888 é fundada “SOCIEDADE ITÁLIA AMPARENSE”, presidida por Carlos de Campo. Os demais cargos da diretoria são ocupados por: Candido José da Silveira, Salvador José de Miranda, Fortunato Goulart, José D. M. Sarmento e Luis Januário de Quadros.

5. Sociedade Club XX, tendo como secretário Antônio marques dos Santos é fundada em 1886.

6. Em 1886 é fundado o Club “3 de Maio”, associação recreativa, visando, ainda, a criação da biblioteca e de uma aula noturna, que ficaria a cargo do professor Ângelo Araújo. O seu presidente Bernardino Alves de Sousa, compromete-se a custear essa aula. Essa entidade mantém uma Associação de Socorros Mútuos. Nesse mesmo ano sua diretoria estava assim constituída.

Presidente- João Baptista Cardoso de Almeida.
Vice- Presidente- Alfredo da Silva Pereira Barros.
1º secretário- Laurindo de Azevedo Marques.
2º secretário- Pedro Janotti.
Thesoureiro- Manoel Sobrado.
Procurador- José de Campos.

7. Sociedade 10 de julho. Em 1892 funda-se a sociedade 10 de julho com o fim de organizar um banda de música e uma orquestra, sob a direção do Maestro Bartolomazi. Diretoria:

Presidente - Pedro Augusto de Oliveira Bueno.
Vice- presidente - Joaquim Martins Barboza.
1º secretário - F. Luiz da Silva.
2º secretário - Lucas Nolasco da Silveira
Thesoureiro - Herculano de Araújo Cintra
Professor da banda - José Alves da Silva
Contra-mestre - Lindolpho Isauro de Mattos

Foi fundada esta associação para manter a banda 10 de julho.

8. CLUBE REPUBLICANO - Por iniciativa de Pedro Penteado, cuida-se da fundação do Clube Republicano, “no qual serão tratados e discutidos todos os interesses do partido e do país”.

9. GRÊMIO COMERCIAL DE AMPARO

Em 1895 são apresentados pelo seu secretário Manuel de Matos Azevedo os estatutos do grêmio Comercial do Amparo, associação que visa “o desenvolvimento geral do comercio da cidade”, sob a presidência de Julio da Silva. Figuram também, como seus companheiros de Diretoria, Salvador Boucault, José Joaquim Rodrigues, José Heitor e Joaquim Alves de Sousa.

Tivemos, ainda, na última década do séc. XIX, os seguintes clubes e sociedades:

10. GRÊMIO FAMILIAR AMPARENSE

Presidente - Raphael Prestes
1º secretário - Laurindo Marques
Thesoureiro - G. de Castro Mascarenhas

11. SOCIEDADE 5 DE MARÇO

Presidente - João Marques dos Santos
Vice - presidente - Jeronymo Tavares
1º secretário - Gustavo Pacheco
2º secretário - Manoel Plácido da Costa
Thesoureiro - José Bernardino da Silva
Procurador - Antonio Américo Gomes Coutinho
Sociedade funcciona á Rua A. Cintra, nº 3

12. SOCIEDADE BENEFICENTE ANNA CINTRA

Presidente - Dr. José Pinto do Carmo Cintra
1º secretário - Dr, Bento de Araújo Cintra
2º secretário - Cherubim Pinto de Alencar Cintra
Thesoureiro - Dr. Joaquim Pinto da Silveira Cintra
Procurador - Dr.Luiz Pinto de Alencar Cintra

A Colônia Italiana, por sua vez, bastante representativa na sociedade amparense, fundou vários clubes. Entre elas o Almanaque do Amparo de 1896 citou:

13. SOCIETÁ ITALIANA

14. DI-MUTUA SACCOASA

Fra artigiani e profissionisti 11 de Maggio 1860

Presidente - Dr. Erminio Sala
Vice – presidente - Ercolano Marinelli
Secretário - Alfredo Parisi
Vice - Secretário- Nora Anselmo
Tesoriere - Augusto Tafner

15. CONSIGLIERI ISPETTORI

Riccardo Realdon
Luigi Razzini

16. COMNSIGLIERI SEMPLICI

Casimiro Ricci
Giannotti Giusseppe
Boncristiani Veraldo
Fioravante Gardesani
Pietro Fontana
Merli Giuseppe

17. SOCIETÀ FILODRAMMATICA ITALIANA

Direttore - Alfredo Parisi
Presidente - Ercolano Marinelli

18. SOCIEDADEITALIANA JOSÉ GARIBALDI

Presidente- Francisco Pellegrini
Thesoureiro- Vicente Orlandi
Secretário- Ernesto Troile
Porta bandeira- Benjamim Arcuri

19. CONSEGLIERI

Nicolau Gatti
Alfredo Pannoni
João Salomoni
Alfonso Salerno
João Giordani
Gonstantino Palmieri
Baptista Molinari

20. BANCO INDUSTRIAL AMPARENSE

Banco - O termo é de origem Alemã “Bank”, originário de mesa.
É o estabelecimento que negocia com moeda e crédito.
São vários os procedimentos dos bancos, oferecendo empréstimos, efetuando cobranças e pagamentos e trabalhando também com o câmbio. Sua origem é remota.
No Brasil criou-se em 1808 o Banco Público Nacional que, posteriormente, tornou-se o Banco do Brasil.

E, em Amparo?
Em Amparo, conforme pesquisas de Áurea de Almeida Camargo em seu Livro “Efemérides Amparense” tivemos a seguinte seqüência em ordem cronológica, a partir de 1885.

“1885 - Noticia o Comércio do Amparo que o fazendeiro e capitalista do município tenente coronel Joaquim de Sousa Campos vai brevemente estabelecer na cidade uma casa bancária, destinada com especialidade a descontos de ordens sobre a praça de Santos e outras”.

“1886 - Guimarães & Gomes anunciam ser correspondentes do Banco Comercial de São Paulo”.

“1886 - Gazeta de Amparo informa que o Banco da Lavoura de São Paulo resolveu estabelecer na cidade uma agência na próxima semana”.

“1886 - Morais & Carvalho são os agentes do Banco da Lavoura”.

“1890 - Divulga o Correio Amparense que em breve será lançado o Banco Industrial Amparense, capital de 2 dois mil contos de réis, dividido em 10.000 ações de 200$000 cada uma, podendo o capital ser elevado a 5.000 contos de réis”.

“1890 - Segundo publicado no Correio Amparense, figuram como incorporadores do Banco Industrial Amparense Pedro Penteado, Pedro Vaz de Almeida, Manuel José Gomes, Joaquim Machado Junior, Albino Alves do Amaral, Conrado Marcondes Albuquerque, Joaquim Martins Barbosa, João Gomes de Oliveira Carneiro, João Pedro de Godói Moreira e José Gomes de Oliveira Carneiro. Diretoria sob a presidência de Pedro Penteado, cabendo a Manuel José Gomes, Pedro Vaz de Almeida e Joaquim Machado Junior, respectivamente, os cargos de diretor comercial, construtor e industrial”.

“1890 - Programa de Abertura do Banco Industrial Amparense”.

Sem dúvida, o Banco Industrial Amparense foi extremamente importante para Amparo. Financiou entre outras obras a implantação da iluminação elétrica em 1898, propiciando uma grande conquista que proporcionou a Amparo enorme destaque.

Em 1891, o Almanaque de Jorge Pires de Godoy destacou os responsáveis, naquele ano, pela vida do banco.

BANCO INDUSTRIAL AMPARENSE

Directoria
Pedro Penteado - director presidente
Manoel José Gomes - direrctor commercial
Pedro Vaz de Almeida - director construtor
Joaquim Machado Junior - director industrial

CONSELHO FISCAL

Capitão João Pedro de Godoy Moreira
João Gomes de Oliveira Carneiro
Joaquim Martins Barbosa

SUPPLENTES

Conrado Marcondes Albuquerque
José Gomes de Oliveira Carneiro
Capitão Albino Alves do Amaral

CAPITAL

2000:000$000 podendo ser elevado a 5000:000$000 dividido em 10.000 ações de 200$000 cada uma.

Curiosidade: 1:000$000,00 correspondia a 1 (um) conto de réis (um milhão de réis)

Com 2 ou 3 contos comprava-se uma casa razoavelmente boa.

ESCOLAS DOS BAIRROS

Córrego Vermelho
Prof. Gordiano de Almeida Campos, rua Duque de Caxias.

Silveires

Prof. Francisco Américo Pereira (normalista).

As condições dos bairros dos Limas, Cachoeira, Pary, Sujos e da Freguesia de Monte Alegre estão vagas.

ENCHENTES

Amparo já foi vítima de centenas de inundações. O Camandocaia já “bufou” de forma a prejudicar inúmeras famílias através dos tempos. Tínhamos, seguramente, uma ou duas enchentes todos os anos. As construções, normalmente, ocupadas por famílias carentes, sempre foram as mais atingidas. Algumas delas ficaram famosas, a de 1929 e a de 1970 disputam as primeiras posições entre as maiores. Vejamos como o “Correio do Amparo”, jornal de circulação diária, fez a sua divulgação no dia 25 de janeiro de 1895.

“INUNDAÇÕES”
Visitamos hontem o novo bairro “Anna Cintra” e tivemos ocasião de ver a que altura chegaram as águas do Camandocaia. Os quintaes estão ainda cobertos de água, e apesar de ter chovido pouco durante o dia pouco tem abaixado o rio. Alguns muros cahiram e várias casas estão em risco de vir abaixo, se as chuvas continuarem.

Deus se amercie de nós.”

Uma semana depois, na edição do dia 02 de fevereiro, a enchente ainda era notícia. Comprove!

“INUNDAÇÕES GRANDES PREJUIZOS”
Os habitantes desta cidade passaram ante-hontem por um desses transes que difficilmente a penna pode traçar. Às 6 horas e meia da manhã uma chuva torrencial, uma verdadeira tromba d’água soprada por grossos tufões, rebentou sobre esta cidade prolongando-se cada vez mais forte, mais temerosa, até depois das 10 horas da manhã.

Às primeiras chuvas, começou o Camandocaia a crescer, e tão rapidamente que em poucos minutos a água subiu até a altura da Rua Barão de Campinas. As casas commerciais de quase todas as ruas, e muitas casas particulares viram-se de repente inundadas chovendo nellas como na rua parecendo um verdadeiro dilúvio.

COUSA NUNCA VISTA!
Todo o Largo da Estação ficou transformado em um extenso lago e as casas de negócios do mesmo Largo desde a Rua Albino Alves até o estabelecimento do cidadão Jeremias de Camargo estiveram com água à altura de um metro e mais, soffrendo muitas dessas casas enormes prejuízos.

QUADRO TRISTÍSSIMO!
De uma e outras casas só se viam sahir objectos de uso, camas, mezas, colchões, pipas, caixões com artigos de commércio, de tudo isto, parte ficava no mesmo largo e parte era conduzido para as casas que se julgavam livres do perigo.”

Em outra edição pudemos ler:

ENCHENTES – 1895!
“Não vimos, ainda, quadro mais desolador. Quantos gritos lascinantes, quantas lágrimas vertidas, quantas implorações, e o rio cada vez mais se avolumando, mais ameaçando levar casas, pontes, tudo em corrente impetuosa e indomável. Às 10 horas da manhã começaram a cahir algumas casas, e só se via rio abaixo portas janellas, caixas, mezas, pipas e uma infinidade de objetos que a água carregava.

O aspecto das casa cahidas sobre o rio era o de um terremoto vendo-se aqui e ali ao lume d’àgua e arrastada pela corrente sempre impetuosa, gallinhas, gaiolas de passarinhos e muitos outros objetos que contristaram deveras o coração.”

Foram vários dias de desespero. Em nova edição do “Correio do Amparo” lia-se:

“Das proximidades da cidade nos chegam notícias cada qual mais desanimadoras. Dous tanques das fazendas do Sr. José Feliciano de Camargo foram arrombadas.

A lavoura teve grandes prejuízos, sendo arrastados pela torrente milhares de pés de café.

O muro do Cemitério público do lado do Ribeirão ruiu todo.

Em Coqueiros a inundação foi também enorme como se vê do seguinte telegramma que nos dirigiu ante-hontem o nosso amigo Major Alfredo de Barros. “De Alfredo de Barros à Corrêa Júnior, proprietário do Jornal. De momento grande inundação. Abandonei casa toda tomada de água. Grandes prejuízos. Cousa nunca vista.”

SOCORRO ÀS VÍTIMAS!
Foram muitas as pessoas que prestaram socorros às vítimas da terrível inundação. Impossível enumera-los. Destacaram-se os senhores Herculano e Jacintho Cintra que offereceram para agasalho dos que não tinham casa, o grande prédio onde vão montar uma cervejaria, os baixos do sobrado onde reside o Sr. Herculano, e a casa do Chopp Amparense onde está o estabelecimento do Chico Silva que se portou como um heroe, socorrendo os perseguidos da sorte.”

Ao terminar esclareço que o texto contem muitas transcrições com a curiosa ortografia do Século XIX. Minha expectativa é que os leitores conheçam mais um fato do nosso passado.

INSTRUCÇÃO PARTICULAR

Tem esta cidade dois excellentes collegios que contam considerável números de alunnos. São elles: Collegio Oliveira(para meninos) fundado e dirigido pelo hábil professor sr. Alfredo de Oliveira; e collegio Ignácia de Camargo, (para meninas), fundado e dirigido pela distincta professora Exma. Sra. D. Ignácia de Camargo.

Além destes collegios, consta o município mais algumas aulas particulares.

HOSPITAL "ANNA CINTRA"


Assim era chamada a nossa benemérita Santa Casa.
Inaugurada no dia 30 de novembro de 1890, no mesmo dia da inauguração do Teatro João Caetano.
A parte financeira sempre se constituiu numa luta muito grande dos abnegados cidadãos que se sucederam, até os dias atuais, na sua direção.
Graças à luta dessas pessoas, a Santa Casa já atinge 110 anos de funcionamento.
Colhemos, num dos primeiros anos de vida do Hospital, a seguinte prestação de contas para o munícipe amparense:
Bases para o orçamento da Receita e Despeza com o Hospital Anna Cintra

DESPEZA
Despeza imprescindivel ao custeio 20:000$000

RECEITA

10 lavradores que annualmente colhem mais 8 de mil arrobas de café à 50$ cada um

500$000

34 lavradores que annualmente colhem mais de 4 mil arrobas de café a 30$ cada um

1:020$000

55 lavradores que annualmente colhem mais de 2 mil arrobas de café a 20$ cada um

1:100$000

342 lavradores que annualmente colhem menos de 2 mil arrobas de ca-fé a 10$ cada um

3:420$000

250 chefes de família residentes na cidade e que tem a seus serviços um o mais creados, a 5$000 cada um annualmente

1:250$000

Verba consignada pelo Congresso

6:000$000

Aluguéis de 20 casas a 15$000 por mez mediante fiança idonea (*)

3:600$000

Rendimento mínimo das acções da Banco Constructor

2:500$000

Coadjuvação annual do Apostolado do S. C. de Jesus

2:610$000

Total

22:000$000



Vantagens Dos cooperadores
Todo o lavrador e chefe de familia, quites, poderá fazer recolher ao hospital seos colonos e criados.
Cada colono e criado em serviço de lavrador ou chefe de familia inscripto e quite, pagará por dia de tratamento apenas 1$.
Cada colono ou criado fora destas condições pagará 2$ por dia de tratamento.
Todas as pessoas incapazes de contribuir terão tratamento identico, mais gratuito.
De colonos e criados de servir, de lavradores e chefes inscripto poderão obter aviamentos de receitas de preparados officinaes a 1$300 e de preparados extrangeiros a 3$000 seja qual for, desde que apresente na pharmacia escolhida o certificado de seo patrão estar quite e o certificado de ser necessitado e não ter saído pelos serviços prestados ao mesmo, quando não queiram recolher-se no hospital.

(*) Estas casas rendem actualmente 7.200$000.

TEATRO EM 1884

Teatro
Em 1884, no teatro RINK discursa Manuel Ferraz de Campos Sales, em defesa do projeto DANTAS que libertava os escravos sexagenários.

Em 1892, o Teatro “João Caetano” apresenta pela primeira vez em Amparo uma companhia Lírica, sendo apresentado o Trovador, de Verdi.

POLÍCIA

1893
A cidade era bem menor que o Amparo atual. Contava, na época, apenas com a parte central.

O policiamento, no entanto, contava com 50 praças da infantaria, fardados e municiados.

Proporcionalmente, o efetivo era bem maior que o dos nossos dias.

O comandante era o Tenente Rafael Prestes.

FURTOS DE CAVALOS
As conduções da época eram cavalos, troles e carroças além da via férrea. Nessas condições os cavalos eram atrações para os gatunos. Não eram assaltos a mão armada, os ladrões furtivamente à noite subtraiam os animais dos pastos. As reclamações dos proprietários eram publicadas nos jornais com grande freqüência. Vejamos algumas:

“Correio do Amparo – 20/03/1897 – Cavallos
Na noite de 17 para 18 do corrente desapareceu da fazenda das Palmeiras, propriedade do Coronel Luiz Leite, dous cavallos, sendo o primeiro de cor castanho escuro, ferrado a portuguesa, pés brancos tendo do lado esquerdo no lombo uma estrella branca e de meia crina. O segundo baio, claro, ferrado das mãos de novo a portugueza, crina escura e comprida dos dois lados, tendo uma estrela branca na testa, sendo de andar marchador. Quem delles souber e der informações ao proprietário Samuel Martino, na mesma fazenda será gratificado.

ROUBO – 05/06/1897 – JORNAL CORREIO DO AMPARO
Perto da Fazenda das Cabras foram roubados no dia 16 de maio, corrente, 4 animais pertencentes ao Sr. Francisco da Silveira Franco, sendo os seguintes: Um cavallo mouro, novo, marchador, um dito tordilho branco de passo, uma besta nello de rato marchadeira, uma dita ruana com signais de arreios de carroça e montaria.

Gratifica-se bem a quem os entregar a seu dono ou der notícia certa verbal ou por escripto.”

Outras publicações eram comuns. Todas elas geralmente com o mesmo teor das duas acima citadas.

BAILES

Os vários clubes da época promoviam a chamada partida dançante mensal. Publicavam convites aos sócios nos jornais dando notícias, também, dos bailes já realizados.

O Clube “8 de Setembro”, o mais consistente deles veiculou no dia 30 de março de 1897 a seguinte nota:

“CLUBE 8 DE SETEMBRO – 30/03/1897
Realizou-se no domingo, com grande concorrência de sócios, a partida concertante e dansante do Club 8 de Setembro. A parte concertante dirigida pelo distincto professor de piano Sr. Panadés e em que tomava parte distinctos amadores foi habilmente desempenhada recebendo geraes applausos do auditório. A parte dansante, como era de esperar, correu animadíssima, prolongando-se até alta noite. O serviço foi profuso e foi distribuído com a preciosa regularidade.

INDÚSTRIA”

Já se acha funcionando com regularidade esta bem montada fábrica de pó de café, sal moído, fubá mimoso, farinha de arroz e lenha rachada. Aqueles que nos quezerem honrar com a sua freguezia serão servidos com a máxima promptidão e por preços baratíssimos.

Grande depósito de sal moído e grosso. Vendas por atacado e a varejo. São depositários dos productos da fábrica: no Largo do Rosário o Sr. Francisco Pupo e na rua 13 de Maio o Sr. Domingos Nunes (Charutaria). Vendas só a dinheiro.

JOSÉ DE PAULA S. CAMARGO
Como se pode ler o Sr. Camargo conseguiu uma proeza, pois, naquela época a montagem de uma indústria não era fácil.

TEATRO

Entre as grandes atrações que Paris, a exuberante capital francesa, apresenta, o CAN_CAN da Companhia Folies Bergeres é famoso.

Sua apresentação é secular fazendo parte dos programas que os turistas incluem em suas visitas à “Cidade da Luz”.

Pois bem, com grande surpresa encontrei no “Correio”, edição de 1887, a notícia de sua apresentação em Amparo.

05/01/1887 - Theatro João Caetano
Convido a todos os snrs. Subscriptores de acções para, a constiucção do Theatro João Caetano a virem realisar em casa do abaixo assignado e em sua ausência com o dr. Carmo Cintra, suas entradas, da 1ª chamada, correspondente a 10% ou 10$000 por acção no prazo de 30 dias a contar desta data.

Amparo, 12 de Dezembro de 1886

Luiz de Souza Leite

Clube “3 de Maio”

26 de Janeiro 1887

Correio Amparense

Realizou-se no Domingo com a costumada grande concurrencia, a 4ª partida do Club 3 de Maio. Os salões achavam-se repletos de habitués dansando se com grande animação até alem das tres horas da madrugada.

O Club 3 de Maio, a julgar pela affluencia de Socios, está no caso de precisar de salões mais vastos para as suas partidas.

Isto prova que o gosto pela musica, pela dansa e por estas reuniões como que em família, agradam e tendem a progredir muito mais ainda.

O serviço de baile foi bom e foi feito com bastante regularidade.

Correio Amparense

02/01/1887

Inalguração

Hontem ás 4 horas da tarde realisou-se a solemnidade da benção inaugural da nova praça do mercado perante grande concurso de povo.

Durante o dia foram lançados muitos foguetes.

Foi servido um profuso copo d’agua.

No proximo numero daremos noticia mais desenvolvida.

10/06/1886
Companhia Carris de Ferro Amparense

Estão convidados os srs. Tomadores de acções desta companhia a comparecerem no proximo Domingo às 4 horas da tarde, na casa nº 1 da Rua 13 de Maio, afim de tratar-se de negocios relativos à mesma empresa como seja a confecção de estatutos, etc.

Pede-se o comparecimento de todos os srs. accionistas.

Amparo, 06 de Junho de 1886.

José Pinto Nunes Junior.

CURTAS - V

Ocorreram muitas tentativas, no século XIX, com vistas à implantação de linhas de bondes em Amparo.

Não temos notícias de que nenhuma delas tenha se concretizado. Como curiosidade seguem transcrições obtidas no jornal “Correio Amparense” com as respectivas datas.

04/05/1887
Linha de Bonds
Já estão em andamento os estudos do traçado da linha de bonds da estação das Pedreiras ao bairro das Silveiras.

Sabemos também que por estes dias deve ser firmado o contrato entre os concessionarios da projectada linha e o governo.

Tudo isso nos induz a crer que muito breve passará a ser uma realidade o que para muitos era ainda ha pouco apenas uma promessa.

É pois caso de darmos os parabens aos srs. capitão João Pedro de Godoy Moreira e Salvador Miranda, concessionarios da referida linha.

Propagandas

A propaganda já era utilizada pelos gregos no século VIII a.C.. O processo aborda basicamente assuntos religiosos, políticos ou comerciais.

É a técnica de anunciar um produto para vendê-lo.

Isso resulta do tipo de sociedade criada pela civilização. Sociedade que exige sempre aumentos crescentes das taxas de consumo.

FALECIMENTO COMENDADOR GUIMARÃES

O Comendador Guimarães faleceu a 27 de Setembro de 1889.

Nas minhas pesquisas pude constatar a grande obra que realizou em vida.

O jornal “Correio Amparense” noticiou em edição da Quarta-feira, dia 02 de Outubro, destacando com muita propriedade o seu grande valor.

Commendador Zeferino da Costa Guimarães
Falleceu nesta cidade, a 27 de Setembro, o Commendador Zeferino da Costa Guimarães.

A triste noticia de tão infausto passamento circulou num instante por toda a cidade, mergulhando a população em profunda dor; e logo depois em toda a provincia e até na capital do Imperio encontraram echo todas as manifestações de pezar por esse acontecimento.

Era que tratava-se de um dos valtos mais proeminentes da nossa sociedade, um cidadão benemerito, inesperadamente roubado á vida, que elle tanto soubera honrar com actos de philantropia e caridade, os mais puras e desinteressados.

Filho de Portugal, mas tendo passado a maior e melhor parte de sua existencia no Brazil, nutria por esta verdadeira patria adoptiva nobilissimos sentimentos da amor, que se traduziam sempre em todos os seus actos.

Foi assim que, nunca recusou o seu valioso appoio a todos os commetimentos de civilisação e progresso, que eram tentados nesta provincia e mesmo em todo paiz.

Dotado de intelligencia não vulgar e de uma alma grande, e bem formada, era com consciencia dos seus deveres, que sempre arvorava-se em protector dos fracos, tornando-se tambem um esteio forte da sociedade, compativel com o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento natural.

Foi um espirito emprehendedor, e a sua actividade devem se importantissimos melhoramentos desta cidade e da provincia.

Nesse numero figuram-a Companhia Mogyana, essa empreza gigantesca de linhas ferreas, para cuja organisação o Commendador Guimarães contribuiu muito directa e poderosamente, tornando-se depois um dos seus incançaveis directores; o prolongamento da linha ferrea até o Amparo de hoje os dois ramaes que percorrem o municio,- o paço da Camara municipal e Cadês Publica, o Hospital de variolosos, a Igreja Matriz, tambem são productos da sua merecida influencia e do seu grande amor a este torrão paulista.

Vê-se bem que, com razão e justiça, venerava-se tão distincto cidadão, devendo-se realmente sentir, como sentiu-se, a sua perda irrepararavel, porque,-homens desta tempera, constituem hoje typos raros na sociedade.



A Companhia Mogyana fez-se representar no interro por intermedio dos seus Directores, corpo de Engenheiros e pessoal technico das officinas, os quaes vieram a esta cidade a esse fim unicamente, em trem especial.

A familia do finado tem recebido de toda a parte telegrammas com vivas demonstrações de pezar por esse fallecimento.

Por nossa vez apresentamos-lhe tambem sinceras condolencias e ao sr. Manoel José Gomes (Visconde de Soutello), inconsolavel amigo do fallecido.

Sahimento
Ás 7 horas da manhã de sabbado sahio o feretro do grande morte para a igreja Matriz pegando as azas do caixão a directoria da Compahia Mogyana e engenheiros.

O caixão foi depositado sobre um elevado catafalco sendo resadas duas missas de corpo presente, seguindo-se-lhe um tocante officio funebre cantado pelas sympathicas filhas do sr. José Benedicto Rodrigues, que foi quem regeo a orchestra.

Findos os solemnes officios foi o feretro conduzido á mão á sua ultima morada, sendo immenso o acompanhamento.

Junto ao caixão que guardava o corpo desse illustre cidadão, ia, desfraldado e coberto de creps, o rico estandarte da Sociedade Italiana de Soccorros Muttuo José Garibaldi, de que o saudoso morte era socio benemerito.

Seguiam-se-lhe:

· A Directoria, engenheiros, e pessoal de escriptorio da Companhia Mogyana;

· Commiissão da Sociedade de Beneficiencia portugueza de Campinas;

· Commissão da Sociedade Italiana de Soccoros Mutuos José Garibaldi.

· Commissão da Irmandade de Santa Maria;

· Muitos commerciantes de Campinas;

· Commissão da loja Trabalho;

· Commissão da classe caixeiral;

· O commercio em pezo do Amparo e povoações visinhas;

· Titulares, capitalistas, fazendeiros e tudo quanto de mais elevado existe aqui tudo foi neste derradeiro momento prestar sua ultima homenagem áquelle que em vida tanto se havia esforçado pelo engrandecimento material e moral deste municipio.

Deposto o caixão ao lado do tumulo que ia receber tão precioso deposito, o eloquente orador sagrado padre Senna Freitas, em nome do commercio, fez em brilhantissimo discurso, o panegyrico do illustre morto.

As suas palavras foram tão eloquentes como commovedoras.

Muitos choraram.

Seguio-se lhe o orador da loja Trabalho, o illustrado professor Angelo de Araujo, produzindo uma brilhante allocução, sendo em seguida sepultado o cadaver d’aquelle grade homem que se chamou Zeferino da Costa Guimarães, que apezar de estrangeiro, foi sempre um chefe, cheio de prestigio, com que partido liberal se honrava.



Sobre o rico caixão foram depositadas as seguintes coroas:

· A nosso querido pae – Olyr e Augusto.

· A meu bom Irmão – Antonio da Costa Guimarães.

· Tributo a amisade e gratidão – Manoel José Gomes

· Gratidão e saudade – Amadeus Carlos Gomes.

· Amisade e gratidão – José João Fernandes

· Tributo de saudade – Do Commercio do Amparo

· Ao nosso excellente amigo – irmãos Carneiro e Machado Jun

· Saudade e reconhecimento – Antonio A. Bittencourt

· Homenagem da Sociedade S José Garibaldi.

· Eterna saudade da Directoria da Companhia Mogyana

· Jorge Teberycá ao seu presado colega commendador Guimarães.

· Gratidão da classe caixeiral.

· Tributo de amisade do Barão Ataliba Nogueira e familia.

· Tributo de amisade e gratidão – Barão do Soccorro.

· Tributo de gratidão da Sociedade Portugueza de Beneficiencia de Campinas.

· Homenagem da Irmandade de Santa Cruz ao seu provedor.

· Saudade e gratidão da Loja Trabalho.

O sr. José Pereira de Andrade, digno vice-consul de Portugal em Campinas, não podendo vir assistir ao enterro, como desejaya, telegraphou ao sr. João Gomes de Oliveira Carneiro nos seguintes termos:

“Em meu nome e no da corte portuguesa desta cidade rogo-lhe o obsequio de constituir como representante o sr. Bernadino Alves de Souza por ocasião do enterro do distincto cidadão sr. commendador Zeferino da Costa Guimarães e dar pezames a sua exma. familia”.

PRAÇA DO MERCADO


O termo praça tem vários significados. Um deles desígna lugar público de uma cidade ou vila, ajardinado, com bancos, normalmente rodeado de edifícios.

Não é exagero dizer que as praças valorizam as cidades, sendo local de confraternização, lazer, reuniões, manifestações e alegria.

CATEDRAL NOSSA SENHORA DO AMPARO EM VÁRIAS POSIÇÕES E ÉPOCAS


A nossa Catedral foi construída aproximadamente em 1850, tem, portanto 157 anos. Sua construção foi demorada por ser muito grande e uma obra de arte. Foram quase 30 anos até o término da construção.

É importante saber que a esposa do Barão de Campinas, Anna Cintra, foi quem doou a imagem de Nossa Senhora do Amparo. Anna Cintra, encomendou a imagem da cidade do Porto – Portugal.

Imprensa – II

Em 1873, surgiu o 1o jornal de Amparo, a “Tribuna Amparense” com direção de José Rebelo de Amorim.

José Rebelo era português dirigiu simultaneamente o “commércio de Santos” e o bi-sentenário “Imprensa Mogiana”, além da Tribuna Amparense.

Naquela época dirigir jornal em três municípios era algo excepcional.

E, pensando melhor, até nos dias de hoje com todos os modernos meios de comunicação o fato seria considerado uma proesa.

Foi emocionante para mim e acredito que também o será para o prezado leitor conhecer a manifestação do Correio Paulistano, da Capital, em edição de 14 de Maio de 1873 e também o 1o editorial do 1o jornal publicado em Amparo. Vejamos – do Correio Paulistano:

“Tribuna Amparense. Sahiu na prospera e florescente cidade do Amparo o primeiro numero de uma folha com a titulo acima. É o primeiro orgam da imprensa que apparece por aquellas paragens. O municipio do Amparo deve contar a sua folha como prova de seu notavel engrandecimento, e ao mesmo passo como uma força de mais para novas expansões de vitalidade no futuro. Como sempre há acontecido, é alli a imprensa o prenuncio da estrada de ferro e da telegraphia (8). A TRIBUNA é propriedade do sr. José Rebelo de Amorim, já bastante conhecido na provincia com fundador de mais de uma empreza jornalistica em Santos”.

Por sua vez o 1o editorial assim se apresentou:

“Devotada essencialmente aos melhoramentos moraes e materiaes dos 3 municipios cujos destinos se acham estretamente ligados, Amparo, S. Negra e Socorro, a TRIBUNA advogará calorosamente seus interesses, suas aspirações, será o orgão das legitimas manifestações de suas necessidades, pondo suas colunnas ao serviço das industrias nascentes ou já dezenvolvidas e de todos os aperfeiçoamentos, invocando o concurso patriotico das vontades bem intencionadas. A TRIBUNA não se alista em partido algum, não tem, nem deve ter politica partidaria”.

Constava nas páginas do jornal noticiarios locais, e gerais, críticas, literatura, seções livres contendo informações, elogios, protestos, advertências, etc..

Na época a grande reivindicação era a construção da via férrea visando a crescente produção cafeeira. O jornal defendeu a sua criação e deu oportunidade para que colaboradores diversos se manisfestassem.

A TRIBUNA AMPARENSE encerrou suas atividades em 1879. Porém, na verdade apenas trocou de nome. O proprietário Rebêlo de Amorim acreditando no progresso do município que já possuia a estrada de ferro e era Comarca tranformou-o em jornal diário, só não circulando na 2a feira. Daí seu nome passou a Diário do Amparo.

Uma prova que Rebêlo Amorim estava dando continuidade ao anterior foi a adoção do número de anos, VII, da Tribuna.

ESTRADA DE FERRO MOJIANA - I


INAUGURADA EM NOVEMBRO DE 1875
Transcrevo a seguir um resumo das festividades que marcaram a inauguração do ramal de Amparo da Cia Mojiana de Estradas de Ferro

15 de novembro de 1875
Inauguração do canal férreo, estando a cidade “ataviadas de arcos, coretos, flores e palmas”, pelo Presidente da Província, dr. Sebastião José Pereira, chegada a Amparo às 3 horas da tarde acompanhado da Diretoria da Companhia Mojiana. Benção da estação pelo Vigário Antonio José Pinheiro. Discursam os drs. Bernardino de Campos, Aureliano Coutinho, João Pereira Lima, Francisco Glicério, um jornalista campineiro e o dr. Inácio de Morais, além do estudante, menino de 8 anos. Manuel Saturnino do Amaral. Ressaltado, sempre, o trabalho desenvolvido Zeferino Guimarães de Assis Prado em prol da estrada inaugurada.

ESTRADA DE FERRO MOJIANA - II


1876
Ocorreu o primeiro descarrilamento de trem próximo ao pasto de Damião Pastana. Os prejuízos foram apenas materiais.

1886
Torna-se diário o trem de passageiros da Cia Mojiana. Anteriormente, o tráfego de passageiros dava-se às Terças, Quintas e Sábados.

1887
Em outubro desse ano, anuncia-se a conclusão de uma picada, que serviria para assentamento da linha férrea entre Amparo e Serra Negra.

1890
Uma prova que o ramal de Amparo era muito importante ficou evidenciado no relatório emitido em outubro de 1890 pela Diretoria da Companhia Mojiana segundo o qual a estação de Amparo recebeu e exportou mais mercadorias do que qualquer outra pertencente a essa companhia.

Relatou, ainda, que o movimento de passageiros levou grande vantagem sobre todas as outras companhias.

Vendeu 17.076 passagens, ao passo que Campinas vendeu 14.599 e Moji- Mirim 12.260.

1893
Em fevereiro, desse ano, a Câmara de Amparo reivindicou junto ao Marechal Floriano Peixoto a conveniência de passar pela cidade de Amparo.

ESTRADA DE FERRO MOJIANA - III

Houve divergências entre os políticos, a imprensa e a opinião pública quanto à localização da estrada de Ferro Mogiana, ramal de Amparo, à época de sua construção.

O fato é que Zeferino da Costa Guimarães (Com. Guimarães) doou os terrenos onde foi edificada a estação. Convém lembrar que o mesmo Comendador doou o terreno que liga a rua Duque de Caxias à estação, hoje rua que leva o seu nome.

A estação foi inaugurada a 15/11/1875.

Na verdade, o ramal do Amparo era uma necessidade premente em razão da produção de café da região.

Como curiosidade transcrevemos horários dos trens, divulgados em 1901, no almanaque de Jorge Pires de Godoy.

Lamentável foi a desativação da via férrea. Acredito que se houvesse uma iniciativa de modernização, teríamos, hoje, mais uma importante opção de transporte.

Horário dos trens de passageiros
DO RAMAL DE AMPARO
ENTRE JAGUARY E MONTE ALEGRE

ESTAÇÕES
Km
A 1
R 1
ESTAÇÕES
Km
A 2
R 2

Cheg.
Part.
Cheg.
Part.
Cheg.
Part
Cheg.
Part.




M





M

T

Santos
_

6.50
_
_
Monte Alegre
48

6.30
_
12.27

S.Paulo
_
9.35
9.55

5.20
Tres Pontes
38
6.56
6.59
12.47
12.49

Jundiahy
_
11.45
11.53
6.40
6.48
Amparo
30
7.19
7.21
1.05
1.31

Campinas
_
_
2.13
_
8.36
Coqueiros
20
7.50
7.53
1.51
1.53

Jaguary
00
_
3.50
_
10.10
Pedreira
10
8.19
8.21
2.13
2.15

Pedreira
10
4.15
4.18
10.30
10.32
Jaguary
00
8.47
_
2.35
_

Coqueiros
20
4.44
4.47
10.52
10.54
Campinas
_
10.44
_
4.11


Amparo
30
5.12
5.17
11.14
11.20
Jundiahy
_
1.17
1.30
6.7
6.15

Tres Pontas
38
5.37
5.41
11.45
11.47
S.Paulo
_
3.20
3.40
7.35
_

Monte Alegre
48
6.17

12.7

Santos
_
6.20
_

_


Os trens R1 e R2 entre Amparo e Monte Alegre só correrão ás terças, quintas e sabbados

BILHETES – A venda de bilhetes nas principais estações, foi a seguinte durante o anno de 94: Amparo, 76.688; Campinas, 63.838; Casa-Branca, 52.799; Ribeirão Preto, 52.515; Mogy-Mirim, 50.053.

Para comprovar as importâncias, do ramal da Mogiana e do município de Amparo temos a estatística acima do ano de 1894.



DO RAMAL DE SERRA NEGRA
ENTRE AMPARO E SERRA NEGRA

ESTAÇÕES
Km
S 1
ESTAÇÕES
Km
S 2

Cheg.
Part. (T)
Cheg.
Part. (M)

Amparo
0

2.50
Serra Negra
41

8.00

Alf. Rodrigues
10
3.20
3.22
Santo Aleixo
32
8.27
8.29

Pantaleão
17
3.43
3.46
Brumado
26
8.47
8.50

Brumado
26
4.13
4.16
Pantaleão
17
9.17
9.20

Santo Aleixo
32
4.34
4.36
Alf. Rodrigues
10
9.41
9.43

Serra Negra
41
5.03

Amparo
0
10.12

CURTAS - I

CIRURGIA
1888 - Realizada em Amparo, pela primeira vez, uma amigda latominia. Praticada pelo Dr. João Pedro da Veiga e auxilio do Dr. Aurélio Diniz.

PRIMEIRO CASAMENTO CIVIL
1890 - Realiza-se o primeiro casamento civil depois publicada a lei; contratantes, Alfredo Barbosa de Barros e Delfina de Campos Cintra.

CASAS - RUAS E LARGOS
1889 - Existem 850 casas dentro do perímetro urbano.

1889 - A Câmara informa à Administração dos Correios existirem na cidade “7 ruas longas com 11 ditas travessas e 7 largos”.

DOAÇÃO
1885 - Noticiado com destaque que os dois altares de mármore. Encomendada na Itália pelo major José Jacinto de Araújo Cintra. Foram colocados na Matriz pelo artista Fernando Martineli.

PRIMEIRO CASAMENTO
1829 - Registrado o primeiro casamento na Capela Curada de N. S. do Amparo: “pelas 9 horas do dia, com documentos necessários selados, e sem impedimento algum, em minha presença e das testemunhas João Barbosa Dias e José Machado de Oliveira, se recebeu em matrimônio por palavras de presente Inácio Francisco das Neves, filho de pai incógnito e de Maria de Oliveira, com Joana Cardosa de Morais, filha legítima de João Garcia Vilela e Josefa Cardosa de Morais, todos moradores e fregueses desta Capela Curada; e logo receberam as bênçãos nupciais, de que para constar fiz este assento, que assino com as testemunhas. O Capelão Curado Roque de Souza Freire”.

PRIMEIRO LIVRO DE ÓBITOS
DATA 10 DE ABRIL DE 1829
1829 - Abertura do primeiro livro de assentos de óbitos da Capela Curada de Nossa Senhora do Amparo. “Os assentos dos cadáveres que se enterraram nesta Capela desde 28/11/1828 até 10/04/1829 foram lançados no livro da Capela Curada de Nossa Senhora do Rosário (Serra Negra)”.

CURTAS VII

1 – AGÊNCIAS DE JORNAIS
Domingos Nunes proprietário da Charutaria Nicociana encarrega-se de reformar e mandar vir assignaturas dos jornais abaixo, sem commissão por parte dos assignantes:

- Estado de São Paulo;

- Commércio de São Paulo;

- União Portugueza.

2 – CARNAVAL
Bisnagas de diversos tamanhos, inoffensivo brinquedo, em uso em toda a parte, no presente carnaval.

CONFETI – Recebemos este artigo em variadas e lindas cores.

3 – ARTIGOS DIVERSOS
Artigos diversos para mascarados como sejam: cornetas e cornetins, chapéus, línguas de sogra, bisnagas, relógios bisnagas, confetti e muitos outros artigos.

Esses três itens eram anunciados pela casa comercial chamada “ESPELHO DE CRYSTAL”.

4 – Esta mesma casa anunciou
Para o baile de carnaval de sábbado, recebemos – cintos brancos muito chics, lindos leques de gaze, mimosos leques de papel à phantasia, correntes para leques, lindas ventarolas e muitos outros artigos.

5 – ELECTRICIDADE
Acha-se exposta na Casa “Espelho de Crystal” desta cidade uma caixa contendo duas amostras de cabos subterrâneos, destinados à canalização de correntes electricas industriais.

É um magnífico specimen dos trabalhos da acreditada Casa Pirelli & Cia., de Milão e foram remetidos à instalação eléctrica do Banco Industrial Amparense.

Essa notícia foi publicada no jornal “Diário do Amparo” no dia 8/08/1899, evidentemente após a instalação da luz elétrica em Amparo.

CURTAS VIII

1 – LINHA DE BONDS – 20/07/1894
No dia 17 do corrente foi celebrado o contracto para uma linha de transways nesta cidade entre a Comarca Municipal, por seu intendente Sr. Major Pedro José Pastana e os Srs. Tenentes Coronéis Arthur Motta de Magalhães e Ananias Barbosa a quem fica conferido o uso e goso da mesma linha por espaço de 20 annos a contar da data do contracto. Os concessionários obrigam-se a estabelecer a linha transways por meio de tracção animal, a vapor ou eléctrica, devendo os trabalhos da mesma linha começar dentro do prazo de seis mezes sob pena de caducidade do privilégio e terminar dentro de dezoito mezes.

Na verdade houve várias tentativas para a construção de uma linha de bondes em Amparo, no entanto, todas elas fracassaram, inclusive a que foi citada acima.

2 – HOTEL FAGUNDES – 1894
Haverá música hoje à tarde no Jardim deste hotel. Espera-se a concorrência dos amadores. Também encontrarão boa cerveja e bebidas de todas as qualidades, além de magníficas empadas, pastéis, bifes e outras muitas iguarias.

3 – ANÚNCIOS
- HOTEL FAGUNDES – Hoje, grande feijoada à bahiana e à noite esplendoroso concerto e os competentes petiscos.

- BOIS DE CARRO – Na fazenda do abaixo assignado tem oito bois de primeira ordem para vender, são todos de lugares certos.

a) Bento Pedro

- CHOPP AMPARENSE - No armazém do Chico Silva: chops, sorvetes, refrescos gelados e cervejas, frappée diariamente. Local – Largo da Matriz.

- FAMÍLIA BATONI – Amato Batoni com fábrica de licores, xaropes, vinagre, etc. Avenida Bernardino de Campos – esquina da rua Commendador Guimarães.

- CERVEJA FRANZISKANER – Há muito tempo que no mercado não aparece a afamada e sempre apreciada cerveja Franziskaner sendo substituída pela Anthártica e Bavária. Hoje, temos de novo no mercado a cerveja Franziskaner de que tem grande depósito o Sr. Nicolau Cardoso.

- ESCRAVO – Vende-se um, muito bom para todo o serviço. Quem pretender, nesta typografia se dirá com quem tratar.

4 – FALTA D’ÁGUA
Em conseqüência da muita chuva que tem cahido estamos sem água para beber porque o único pipeiro que fornece a cidade não pode atravessar a ponte que lhe dá passagem, do logar aonde vae buscal-a para a traser para a cidade. É lastimoso este estado. Veja a illustríssima Câmara quanto é urgente tratar-se do abastecimento de água.

5 – SALÃO MUNIZ
O Muniz acaba de introduzir melhoramentos no seu salão ao largo da Matriz que o tornam digno da concorrência pública. O local, o arranjo do vasto salão, as bebidas finas, os chopps, os sorvetes e ainda o óptimo café que ali fornece, tudo isso são attractivos que o público não dispensa e que sabe procurar.

6 – CASAS BARATAS A VENDA :
Uma na Rua do Rosário nº 16 por 5:500$000 (Cinco contos e meio);

Uma no Largo do Rosário, 13 por 4:500$000;

Uma na Rua da Constituição, 19 por 2:800$000;

Uma na Rua Princeza Imperial por 1:400$000.

7 – FESTA EM COQUEIROS – 1894
Deve realizar-se amanhã na visinha povoação de coqueiros a grande festa de N. S. de Apparecida para cujo brilhantismo não pouparam esforços os organizadores da festa. Hoje à noite será queimado vistosos fogos de artifícios tocando a banda “10 de Julho” escolhidas peças. A extensa avenida onde se acha collocada a capela achar-se-há illuminada a gaz, ardendo grandes fogueiras.

OCORRÊNCIAS POLICIAIS – PUBLICADAS NO JORNAL “CORREIO DO AMPARO”.

Esse jornal publicava diariamente as ocorrências policiais. As prisões se deviam na maioria dos casos por embriagues ou pequenos furtos. Violências como as atuais não existiam. Os prisioneiros ficavam por pequenos períodos nas celas. Enumeramos algumas ocorrências de 1898:

- Dia 02/08 – Foi preso o indivíduo Manoel Francisco Melro, por ter sido encontrado pela patrulha em estado de embriaguez e ter faltado com o devido respeito à mesma;

- Dia 03/08 – Foi encontrado pernoitando debaixo d’uma carroça na Rua Luiz Leite, o menor de 16 annos de edade, brasileiro, de nome Frutuoso Assis de Moraes, o qual acha-se recolhido à cadeia;

- Dia 04/08 – Sem novidade;

- Dia 05/08 – Foi preso o indivíduo de nome João Baptista do Amaral César por achar-se em estado de embriaguez;

- Os dias 06, 07,08, 09,10 e 11 não apresentaram novidades;

- Dia 1208 – Foi presa pela patrulha da noite na Rua do Sapo, a preta Josepha de Jesus, por achar-se embriagada e gritando, alterando assim o socego público;

- Dia 17/08 – Foi preso pela guarda da Estação o indivíduo Peregrino Antonharelle por achar-se embriagado, proferindo palavras obscenas e ter –se opposto à ordem de prisão, resistindo;

- Dia 22/08 – Foi preso o indivíduo Antonio Theodoro, por ter furtado do quintal d’uma casa da Rua Municipal roupas de uso .

Este foi o mês de agosto, os dias não mencionados não apresentaram ocorrências.

A MAÇONARIA E A INSTRUÇÃO PÚBLICA

O Jornal “Correio do Amparo” mantinha uma coluna Chamada Seção Livre. O povo podia manifestar-se criticando ou elogiando as entidades e pessoas. O interessante é que o manifestante não precisava se identificar, não raras vezes uma pessoa era severamente atacada mas o autor permanecia no anonimato. Numa das edições, no Século XIX, publicou-se uma manifestação com o título acima. Eis o seu teor:

“Vamos levar ao conhecimento do público mais um importante serviço prestado à sociedade pela Maçonaria pelo qual tanto por esse mundo além se falha e se vocifera.

O facto que hoje vamos levar ao conhecimento público, não é um facto virgem, não é um fato único, pois ninguém ignora quantos serviços tem prestado e se presta em bem da humanidade essa instituição universal cujo lema é fazer o bem sem dar a conhecer a quem, é exercer sem limites a verdadeira religião de Christo.

O derramamento instrucção popular é pois uma de suas mais constantes preocupações, e não poucas são as escolas creadas e sustentadas pela Maçonaria, em toda a parte onde se acha lançada sua productiva seiva.

Entre nós mesmo a Loja Maçônica Trabalho tem uma escola nocturna franqueada ao público a qual é freqüentada não só pelos filhos de maçons, mas por todos, sem excepção, que precisam e querem receber a instrução, que leva o homem ao conhecimento de seus verdadeiros deveres perante a sociedade.

E, agora nos consta que a mesma Loja Maçônica Trabalho vae crear mais duas escolas diurnas para meninas e meninos, sem prejuízo da aula nocturna que continua da mesma forma a funccionar para uso d’aquelles que, por suas occupações, não possam ir à escola durante o dia.

Não há phrases bastante significativas que possam servir para aplaudir este novo tentamento da Loja Maçônica, creando duas escolas mais para educar e instruir o grande número de creanças que por ahi vegetam na ignorância por não terem lugar no Grupo Escolar, infelizmente cada vez mais desfalcado de professores

A cada passo encontram-se grupos de creanças entregues a vadiação e se interrogam porque não vão à escola dão nos logo esta desconsoladora resposta:- não há logar!

Não pode haver nada mais constristador do que ver-se essas creanças perderem o seu melhor tempo, irem-se creando na ignorância e adquirindo vícios que mais tarde as pode tornar nocivas à sociedade e verdadeiramente prejudiciais a si próprias. A criação, pois, das novas escolas diurnas a realizar-se é o melhor edifício que a Loja Trabalho pode architetar porque só ellas podem derrocar as masmorras cavadas para o vício.

Crie a Maçonaria do Amparo esses dous templos, como tem em vista e as bênçãos do Céu choverão por sobre ella, dando-lhe coragem e força para arcar contra seus ferozes inimigos.

Os benefícios que à sociedade amparense vem prestar a Loja Trabalho creando mais duas escolas são taes e tão relevantes que não precisam de ser enumeradas. Dissemine-se a instrucção popular e as instituições políticas e sociaes serão respeitadas e os seus governos tornar-se-hão fortes e valorosos.

CURTAS - II

ESTAÇÃO DE MONTE ALEGRE
1890 - É solenemente inaugurada a estação da Companhia Mojiana em Monte Alegre.

Falta d’ÁGUA
Em consequencia da muita chuva que tem cahido estamos sem agua para beber, porque o único pipeiro que fornece a cidade não pode atravessar a ponte que lhe dá passagem, do logar aonde vae buscal-a para trazer para a cidade.

É lastimoso este estado. Veja a illustrissima camara quanto é urgente tratar-se do abastecimento de agua.

Facadas
Por motivos particulares, na fazenda do sr. Damião Pastana, travaram-se de razões os seus camaradas Joaquim Innocencio de Godoy e seu genro Pedro de Souza, de que resultou receber esse duas facadas.

O criminoso foi preso em flagrante delicto e recolhido á cadeia desta cidade.

COQUELUCHE
1886 - Em correspondência de Amparo, o Diário Popular, de São Paulo, registra que a coqueluche grassa na cidade tendo feito diversas vítimas.

ESTAÇÃO METEREOLÓGICA
1891 - Convite para a inauguração da Estação Meteorológica, instalada no pátio do Hospital Ana Cintra, doação do Dr. José Pinto do Carmo Cintra.

FONÓGRAFO
Trata-se de um aparelho que reproduz o som por um processo mecânico. É antigo destinado a gravar sons em cilindros ou discos.

Sobre esse aparelho temos a seguinte notícia de 1895.

1895 - O fonógrafo de Luís Rica, contendo entre outros, os discursos do Padre João Manuel no Parlamento, ao se declarar republicano, e o Dr. João Mota, na inauguração da Escola Ganganeli, é exibido no Clube 8 de Setembro. Além de trechos de óperas, continua discursos do Cônego Néri, de Campinas, e do tribuno Silveira Martins.

FOTOGRAFIA ANIMADA
A primeiro de outubro de l897, o Teatro “João Caetano” apresentou pela primeira vez, em Amparo, espetáculo de fotografia animada.

ALFERES RODRIGUES
A primeiro de maio de 1871 faleceu o Alferes Francisco Rodrigues Borges um dos maiores plantadores de café de Amparo.

A estação de “Alferes Rodrigues”, onde possuía fazenda, deve-lhe o nome.

Ocupou cargos públicos de nomeação e eleição.

Segundo a tradição, possuía um realejo que abrilhantava reuniões sociais.

Alferes significa - posição hierárquica militar antiga, correspondente ao atual segundo-tenente.

AMPARO – VILA
Em 1857, Amparo passou de Freguesia à Vila através de Lei cujo teor foi o seguinte:

· “Artigo 1 – A Freguesia do Amparo do Município de Bragança, fica elevada à categoria de Vila com a mesma denominação e divisas que atualmente tem”;

· “Artigo 2 – A nova Vila será desde já inaugurada, ficando todavia os seus habitantes obrigado a construir cadeia e casa da Câmara a sua custa, sem auxílio do cofre Provincial”.

J.P.G.

PERSONALIDADES


Jorge Pires de Godoy
1862 - Nasce em Amparo Jorge Pires de Godói filho de Antonio Pires de Godói Jorge e Maria Joaquina do Espírito Santo. Professor, poeta, jornalista e cronista. Autor dos apreciados almanaques amparenses. Falecido aos 7/6/1929

FREGUEZIA DE PEDREIRAS

MUNICÍPIO DE AMPARO
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
JUIZ DE PAZ
· Dioclecio Sezini Pereira da Motta

· José Pedro de Godoy Moreira Junior

· José Adolpho da Silva

Sub delegado
· Arthur da Costa Cardoso

Supplente
· Francisco Octaviano

· Antonio Feliciano Correia

· Manoel da Silva Barbosa

Escrivão do Registro Civil
· Miguel Ribeiro de Camargo Gama

Fiscal
· Jesuíno de Souza Campos

Arruador
· José Celestino de Camargo

Agente do correio
· Anestor dos Santos Arruda

Ajudante e porta mala
· Vital de Arruda

Instrucção pública
Cadeira do Sexo Masculino

· Reverendíssimo Padre Dr. Alexandre Felicíssimo do Rego Barros

Cadeira do Sexo Feminino

· Professora D. Francisca Francelina (Normalista)

Instrucção particular
· Tendo-se fechado o colégio dirigido pelo sr. Carlos Ferreira, existe ainda uma aula italiana dirigida por Bozo Giovani.

Culto Catholico
· Cura Reverendíssimo Padre Alexandrino Felicíssimo do Rego Barros

Jornal
· Pedreira sustenta há mais de dous annos um jornal semanal, orgam religioso, scientifico e litterario, redigido pelo reverendíssimo padre Alexandrino F. do Rego Barro. Consta que o mesmo sahirá quinzenalmente.

Associação
· O Grêmio Familiar de Pedreira, fundado há mais de três annos, mantem-se com facilidade, achando-se em prospera situação. A sua actual administração é a seguinte:

DIRECTORIA DO GREMIO FAMILIAR

· Presidente - Tenente Coronel João Pedro de Godoy Moreira

· Vice – Presidente - Dr. Arthur Moreira de Almeida

· 1 – Secretario – Sizini Dioclecio Pereira da Matto

· 2 – Secretario - José Pires de Viana

· Thesoureiro - Alfredo Engler

· Copnta actualmente com 33 socios.

COMERCIO, PROFISSÕES E INDUSTRIAS
Negociantes
· Manoel Piffer

· J. Teixeira de Quieroz

· José Ferreira

· A. F. Delgado

· José Teixeira

· João Francisco Novo

· Pietro Bacho

· Pires de Ávila & Comp.

· Alfredo Cardoso & Comp.

· Emilio Pierri

· Romualdo Nardine

· Armando de Oliveira

· Eduardo Matina

· Victorio Calanchi

· Evaristo Arten

· Antonio Manoel dos Santos

· Duarte, Irmão & Comp.

· José Nardini

· Olympio Rodrigues

· Ângelo Ricci & Irmão

· Carvoatti Francisco

· Demetrio de Campos

· João C. Gomes

· Vicente Bertone

· Giovani Casarini

· A. Lellis

MEDICOS
· Dr. Joaquim Coutinho

· Dr. Ponciano Cabral

PHARMACIAS
· Marcos Correa de Miranda

· Bernardino da Silveira Dutra

· Sezini Dioclecio Pereira Da Motta

RELOJOEIROS E JOALHEIROS
· Eduardo Matina

· João Barone

MACHINA DE DESPOLPAR CAFÉ
· Luiz Wenceslau de Godoy Moreira

· João Pedro de Godoy Moreira Junior

DEPOSITO DE LOUÇAS
· José Maria de Souza

ALFAIATES
· José Andriolo

· Domingos Demaria

· Leandro Milani

AÇOUGUES
· José Pires de Araújo

· Eugenio Galli

· Beraldo Heller

BILHARES
· Antonio Feliano Correa

· Siqueira e Comp.

COCHEIRA
· Manoel Cavalheiro

HOTEIS
· Antonio Feliciano Correia

· Siqueira & Comp.

RESTAURANT
· Ângelo Traficante

· Eduardo Matina

· Alfredo Ribeiro

MODISTA
· D. Josephina Matina

FERRADORES
· Virgilio James & Comp.

· Etole Giovani

· José Roso

EMPREITEIROS DE OBRAS
· Luiz Caini

· José Celestino de Camargo

· Pedro Bocarelli

COMPRADORES DE CAFÉ
· João Pedro de Arruda

· A. Lellis

CARROS E CARROÇAS
· Manoel Cavalheiro

· João Novo

· Aristodemo Canova

· José Volpini

PADARIAS
· Theoche Affine

· José Corassa

OLARIAS
· J. Teixeira de Queiroz

· Manoel Cavalheiro

SAPATEIROS
· Virgilio Campanha

· José Rossi

· Isidro Santos

· João Rossi

· Zanini Enrico

· Alberto Rogetti

FUNILEIRO
· Emilio Branchine

PINTOR E DESENHISTA
· Luiz Panini

FABRICA DE CERVEJAS
· Victorio Palanche

· Hermínio dos Santos

· Pedro Luchine

FABRICA DE CERA
· João Capozoli

FABRICA DE XAROPE
· Giovani Ettore

ILUMINÇÃO PUBLICA
· Zelador - Nicolau José Antonio

COMMANDANTE DO DESTACAMENTO
· Sargento João Francisco

CHEFE DA ESTAÇÃO
· José Cascalho Junior

TELEGRAPHISTA
· Arthur de Mattos

CARPINTEIROS
· Joaquim Pinto de Moraes

LAVRADORES
· Capitão Antonio Pedro de Godoy Moreira

· Luiz Wenceslau de Godoy Moreira

· Dr. Arthur Moreira de Almeida

· Joaquim Rodrigues de Paula Cruz

· João Pedro de Godoy Moreira

· D. Anna Francisca de Oliveira

· Emiliano Pires de Ávila

· João Camilo de Ávila

· Antonio Pires de Ávila

· Antonio Pires de Godoy

· Bazilio Pires de Ávila

· D. Carolina Pires de Ávila

· Joaquim Pires de Godoy

· Venâncio Pires de Godoy

· José Adolpho da Silva

· D. Justina Ramos Ferraz

· João Pires de Avila

· José Florêncio pinto

· D. Maria Leopoldina Alves

· Francisco Leopoldino de Campos

· D. Anna Franco de Siqueira

· D. Anna Rodrigues do Espírito Santo

· Antonio da Silveira Mello

· João da Silva Leme

· D. Luiza de Queiroz Aranha

· Florêncio de Campos Filho

· D. Maria Luiza Soares de Arruda

· Antonio Rodrigues Bueno

· Antonio Carlos de Almeida Bicudo

· Bento de Godoy Moreira

· José Pedro de Oliveira

· Francisco Antonio de Oliveira

· José de Campos Souza Pimentel

· Francisco Emilio de Campos

· Antonio de Souza Mello

· Arthur Leite de Barros

· Carlos Augusto Guedes

· D. Maria Alves de Oliveira

· Miguel Larguerci

· Antonio José da Costa Cardoso

· D. Theresa de Campos Guedes.